Governo dá aval a "Supersimples" para domésticos
Proposta é reunir tributos como contribuição ao INSS e fundo de
garantia em um único boleto obtido na internet
Outros itens, como jornada de cuidadores e multa em demissões sem
justa causa, ainda não obtêm consenso
O governo deu ontem o aval para o Congresso aprovar o "Supersimples
da Doméstica", com a unificação da cobrança da contribuição
previdenciária (INSS) e do fundo de garantia (FGTS) em boleto único,
para facilitar a vida dos empregadores.
O tema foi discutido ontem em reunião com o senador Romero Jucá
(PMDB-RR), relator da comissão que discute a regulamentação da nova
lei que estende às empregadas domésticas os direitos das outras
categorias profissionais.
Estavam presentes representantes do Ministério da Fazenda, da
Caixa Econômica Federal, da Receita Federal e do Ministério do
Trabalho, que têm seus trabalhos afetados pelas propostas em
discussão no Congresso. Todos disseram estar de acordo com a
simplificação na cobrança.
O modelo em discussão prevê que cada empregador cadastre seu nome
e o de seu empregado em um site, a ser definido pelo governo, e
insira o valor da remuneração. Automaticamente, o site fará o
cálculo do valor a ser pago pelo patrão com INSS e FGTS, funcionando
como uma calculadora digital.
BOLETO ELETRÔNICO
Em seguida, o patrão poderá imprimir o boleto bancário com o
valor total a ser recolhido com INSS e FGTS. A ideia é também
incluir no mesmo boleto o seguro por acidente de trabalho, que hoje
varia de 1% a 3% do salário total do empregado.
O principal entrave ao boleto único, atualmente, é a data de
recolhimento dos tributos -o FGTS vence no dia 7 de cada mês,
enquanto o INSS tem seu vencimento próximo ao dia 15.
Jucá disse que o mais provável é que o pagamento unificado
aconteça no dia 7.
Caberá ao governo, segundo o relator, definir como a cobrança única
será distribuída entre os órgãos que recolhem as contribuições, como
a Caixa e a Previdência.
"Há concordância das áreas do governo que deve haver um boleto
único. Estamos discutindo os valores de contribuição", afirmou o
senador.
FGTS
Os representantes do governo sinalizaram a Jucá que não concordam
com a proposta de redução da multa do FGTS para os casos de demissão
sem justa causa.
O relator defende que a alíquota, que é de 40% para os
trabalhadores regidos pela CLT, seja reduzida para até 10% para os
empregados domésticos. Mas, segundo ele, o assunto ainda precisa ser
"aprofundado" com a equipe econômica e representantes do Ministério
do Trabalho.
O governo é contrário à medida porque o Brasil é signatário do
tratado internacional da OIT (Organização Internacional do Trabalho)
que prevê "igualdade" de direitos entre todos os trabalhadores.
BABÁS E CUIDADORES
No encontro, representantes do governo admitiram que há aspectos
específicos que precisam ser regulamentados na emenda
constitucional.
Um desses casos é o de trabalhadores com funções específicas,
como babás e cuidadores de idosos que trabalham mais que a jornada
máxima de oito horas diárias estabelecida pelo Congresso e, em
alguns casos, realizam sua jornada em horário noturno.
O Ministério do Trabalho prometeu apresentar proposta, em dez
dias, para os casos em que não há consenso em torno da emenda.
A HORA DO PATRÃO - NOVAS PROPOSTAS
Congresso discute regulamentação de nova lei dos domésticos
COM O QUE O GOVERNO CONCORDOU
forma de pagamento — Empregador pagaria ao mesmo tempo INSS, FGTS
e seguro por acidente de trabalho
Boleto eletrônico — Impresso pela internet
O QUE FALTA DEFINIR
prazo de pagamento — A sugestão é antecipar o INSS do dia 15 para
o dia 7, mesmo dia do FGTS
alíquota do INSS — Há proposta de reduzir de 12% para 8% a parte do
empregador
multa na demissão sem justa causa — Há proposta de reduzi-la, mas o
governo sinalizou que é contra
Fonte: Folha de S.Paulo |