Empresas questionam a eficácia dos testes de softwares antivírus
Deveria ser fácil testar e escolher uma solução de antivírus. Mas
os testes não são, segundo os fornecedores, corretos.
A crescente complexidade dos softwares de segurança está levando
fornecedores do setor a criticar as tradicionais avaliações, dizendo
que elas não testam adequadamente outras formas de proteção das
soluções.
As relações entre os fornecedores e as organizações que testam as
solução são geralmente cordiais, mas tornam-se tensas se o produto
falha. Representantes dos dois lados concordam que as estratégias de
teste precisam ser reavaliadas para dar a clientes uma visão mais
acurada sobre os diferentes produtos comparados.
“Não acredito que alguém acredita nos testes como são hoje”, diz
Mark Kennedy, engenheiro da Symantec.
Funcionários da Symantec, F-Secure e Panda concordaram, no último
mês, no evento ‘International Antivirus Testing’ na Islândia, que
era preciso criar um novo plano de testes. A esperança, diz Kennedy,
é que todos as empresas do setor concordem com um teste padrão para
toda a indústria. Uma prévia será apresentada em setembro próximo.
Um dos testes tradicionais envolve rodar amostras de software
malicioso nas diversas soluções AV. Os motores das soluções usariam,
então, as vacinas para identificar os softwares maliciosos.
Mas os AVs mudaram nos últimos anos e “agora existem outras formas
de detectar e bloquear malware”, diz Toralv Dirron, engenheiro-chefe
da McAfee.
A detecção baseada em vacinas é importante, mas a explosão de
programas maliciosos diferentes está ameaçando a efetividade da
técnica de defesa. Assim, os fornecedores precisam criar novas
táticas para pegar as pragas.
Técnicas como detecção por comportamento (que busca o malware
pelas ações que ele toma na máquina) é uma das maneiras para
detectar a praga mesmo que ainda não exista uma assinatura para ela.
Combinado com ferramentas baseadas no host, como sistemas de
prevenção de intrusão, podem usar firewall e técnicas de inspeção de
pacotes para bloquear ataques.
Os modos diferentes de ataques envolvem maneiras diferentes de
defesas, que precisam ser todas testadas para gerar um ranking
eficaz, defendem os analistas.
Um teste baseados em assinaturas pode levar apenas cinco minutos.
“É rápido e barato, mas é um teste muito básico”, diz Andreas Marx,
da AV-Test.org, um mestre em teste de antivírus.
Os fornecedores de segurança também acreditam que os testes devem
analisar quão eficazmente as soluções removem programas ruins,
processo que pode afetar o desempenho da máquina.
Para eles, um teste falho pode ser vergonhoso, já que as
organizações de teste divulgam os resultados com grande barulho.
Organizações como a AV-Test.org e Virus Bulletin (VB100) realizam
diversos testes das soluções AV. Mas, conforme defende a Kaspersky,
um teste acusou a falha em pegar um determinado worm que tinha sido
tirado, segundo a empresa, com a intenção de melhorar desempenho.
Roel Schouwenberg, pesquisador da Kaspersky, afirma que a assinatura
foi colocada de volta. “Se o teste fosse conduzido um dia antes, nos
passaríamos”, diz.
Todos os fornecedores são comunicados, após o teste, quais
amostras eles falharam em detectar, com a maioria criando as
assinaturas para seus produtos.
Então, em que os usuários podem acreditar? John Hawes, consultor
técnico da Virus Bulletin, afirma que os testes baseados em
assinatura não são “representativos perante o mundo real”.
No entanto, ressalta Hawes, os testes baseados em assinatura podem
indicar a confiança e consistência em determinado fornecedor de
software. Virus Bulletin também faz análises baseadas nas suítes de
AV, que abordam aspectos como a usabilidade, que pode ser tão
importante quando a detecção para os usuários.
A AV-Test.org já está fazendo testes com maior abrangência, mas
utiliza entre 30 a 50 amostras de malware, montante muito menor do
que as 600 mil amostras da Wildlist. Estes testes, no entanto, vão
ser muito importantes para dar uma visão de como os antivírus se
comportam no mundo real.