Apesar de ser, atualmente, uma das linhas de crédito mais atrativas
para alavancar investimentos para as Micro, Pequenas e Médias
Empresas (MPME), a burocracia e as exigências para escolha de
fornecedores dificultam a utilização do Cartão BNDES. A ferramenta
é o principal instrumento do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) para concessão de empréstimos às empresas
que têm um faturamento bruto anual de até R$ 90 milhões. O
instrumento é baseado no conceito de cartão de crédito sem cobrança
de Imposto sobre as Operações Financeiras (IOF) e possui a isenção
da taxa de anuidade.
Segundo a instituição, até meados de janeiro, mais de 620 mil
cartões haviam sido emitidos no Brasil, somando cerca de R$ 37,2
bilhões em limite de crédito para investimentos.
Com o crédito pré-aprovado, que pode chegar ao valor de R$ 1
milhão, o cartão é atrativo por ter taxa de juros fixa, definida
mensalmente e calculada com base na Letra do Tesouro Nacional (LTNs),
abaixo das linhas de crédito mais tradicionais. Neste mês, a taxa de
juros está fixada em 1,01%. Além disso, o valor pode ser financiado
em até 48 parcelas.
Sérgio Olivetti Jacomini, dono de uma agência de turismo, a Blue
Gate Company, que já fez uso do cartão, conta que é "um produto
bastante interessante, embora pouco divulgado". Segundo ele, os
bancos, por não acharem o produto interessante em retorno, não
costumam oferecer o serviço aos clientes.
"Eu já conhecia a modalidade por ser de uma família de bancários.
No meu caso, foi a possibilidade de financiar produtos para reforma
e materiais para escritório com taxas bastante atrativas", disse o
empresário.
No entanto, ele ressalta que ainda existem pontos negativos no
sistema como, por exemplo, a burocracia. O empresário expõe que a
emissão do cartão leva mais tempo do que um cartão de crédito
convencional. "Não é um processo fácil", afirmou. Para obter um
cartão, uma proposta de solicitação pode ser preenchida pela
internet, como orienta o BNDES, e deve ser encaminhada ao banco
emissor, junto com os documentos necessários.
Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banrisul,
Itaú, Sicoob e BRDE são as instituições financeiras emissoras do
cartão e a Cabal, Elo, Mastercard e Visa, as bandeiras de crédito. A
empresa precisa ter conta corrente no banco escolhido e estar em dia
com os compromissos do INSS, FGTS, RAIS e tributos.
Com o cartão, o cliente pode financiar mais de 200 mil itens de
variados setores, como embalagens, materiais para a construção
civil, partes, peças e componentes utilizados na industrialização.
Contudo, as empresas podem comprar produtos apenas de empresas
credenciadas no Portal de Operações do Cartão BNDES. Além disso, não
podem ser financiados pelo Cartão BNDES operações de saneamento
financeiro, capital de giro, armas, bens importados, compra de
imóveis ou terrenos e prestação de serviços.
O consultor da Method Consultoria, Adriano Gomes, explica que
isso pode afastar os clientes, que tendem a reclamar desta
restrição, que limita muito o mercado de fornecedores.
Jacomini confirma a constatação. "Com essa exigência, o mercado
fica mais restrito e, às vezes, nem sempre compramos o mais em
conta", disse o empresário.
No entanto, mesmo com as dificuldades, o cartão tende a ter saldo
positivo frente às dificuldades. "Como toda linha de crédito,
obviamente que o cartão tem suas regras", observou Gomes.
"É uma de outras tantas linhas de crédito existentes e tende a
ser bastante positiva para as pequenas e médias empresas. Mas todas
as modalidades devem ser bem compreendidas para que o empresário
opte por uma que seja interessante para suas necessidades", concluiu
Gomes.
Fonte: DCI – SP |