Governo prevê mudança na legislação do Simples
Alterações devem resolver problemas como o regime de substituição
tributária, que tem prejudicado a competitividade de MPEs no País
Até o final deste ano, o País poderá ver solucionada a questão
da substituição tributária, que tem inviabilizado a competitividade
de micro e pequenas empresas (MPEs). O anúncio foi feito durante o
3º Café da Manhã da Frente Parlamentar das MPEs, promovido ontem
pelo Sebrae/RS no Hotel Embaixador, em Porto Alegre. Durante o
evento que reuniu líderes empresariais e do governo para discutir a
necessidade de desoneração dos impostos sobre a cadeia produtiva
gaúcha, o ministro-chefe da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da
Presidência da República, Guilherme Afif Domingos, reafirmou sua
meta de alteração da Lei do Simples Nacional e apontou que a solução
deverá ser aplicada já em 2014.
“Estamos fazendo um grande trabalho para que a mudança na legislação
resolva o problema da distorção da substituição tributária e que
estenda o Simples para todas as categorias de empresas”, afirmou o
ministro. Ele anunciou que deve retornar ao Rio Grande do Sul em
setembro para uma audiência pública com a presença de deputados
federais a fim de que as modificações sejam feitas através do PLP
237 (de autoria do deputado Pedro Eugênio). “Uma empresa deverá ser
enquadrada no Simples de acordo com seu porte. Neste sentido, o que
importa é o faturamento (de até R$ 3,6 milhões), independente do
setor de atuação”, ressaltou Afif, que está empenhado na construção
de um projeto a ser apresentado à presidente Dilma Rousseff.
O titular da secretaria disse que a meta é desburocratizar o
Simples Nacional para estimular o empreendedorismo no País. Isso
inclui facilitar o processo de abertura e fechamento de empresas. “O
Simples é um instrumento muito importante e foi uma grande conquista
para as micro e pequenas empresas, mas ainda é muito complexo”,
avaliou o ministro. Neste sentido, ele considerou que a substituição
tributária “é um nó górdio” a ser desfeito em regime de urgência.
Afif afirmou que as burocracias estaduais “deram um golpe nas
MPEs, criando o contribuinte substituto, que coloca a carga cheia no
produto quando da saída da indústria”. Isso tem anulado o poder de
competição garantido por legislação ao pequeno empresário, completou
o ministro. “Em virtude da substituição tributária, as micro e
pequenas empresas não podem estabelecer preços para competir com o
grande varejo, que por sua vez conta com o regime geral e o crédito
como vantagens”, reforçou o presidente do Sebrae/RS, Vitor Augusto
Koch, que também lidera a direção da Federação das Câmaras de
Dirigentes Lojistas no Rio Grande do Sul.
O secretário estadual da Fazenda, Odir Tonollier, reconheceu a
necessidade de fortalecimento das micro e pequenas empresas,
destacando que o governo gaúcho “apoia todas as políticas que vêm do
Ministério”. “No entanto, o Rio Grande do Sul já oferece uma
política diferenciada das demais em todo o País, reduzindo em 50% o
tributo pago pelas empresas do Simples em outros estados”, emendou.
Já o coordenador da Frente Parlamentar das MPEs da Assembleia
Legislativa, deputado José Sperotto, também defendeu melhorias no
formato de tributação atual. “Buscamos que o governo do Estado mude
o olhar sobre este tema e insistiremos na eliminação do Imposto de
Fronteira.”
Entidades gaúchas buscam solução para o imposto de fronteira
Durante o evento, os representantes das entidades de varejo
conversaram com o secretário da Fazenda a fim de encontrar uma
solução para que os micro e pequenos empresários do setor possam
pagar o que é devido aos cofres estaduais sem colocar em risco suas
atividades. Segundo os varejistas, o chamado imposto de fronteira -
cobrado desde 2009 - tem inviabilizado MPEs gaúchas que se
utilizaram de uma liminar para não pagar o tributo e que,
recentemente, foram autuadas com multa pelo governo do Estado.
Na avaliação do presidente do Sebrae/RS, a questão do imposto de
fronteira é ampla. “Envolve a legislação do ICMS e não trata das
MPEs. Isso tem prejudicado enormemente as empresas localizadas em
cidades próximas a Santa Catarina, como Erechim, que hoje perde
vendas de forma assustadora para os municípios de Chapecó e
Concórdia”, pontuou Koch. “É uma situação de 4% a 5% de diferença,
mas que na formação do preço final do produto significa de 15% a
20%, dependendo da escala de compras.” Koch ainda anunciou que a
FCDL e o Sebrae/RS estão negociando com a Federação das Indústrias
do Rio Grande do Sul (Fiergs) uma alternativa à legislação do ICMS
para permitir que seja desonerada a compra de algumas mercadorias
fabricadas somente fora do Estado.
Segundo o secretário estadual da Fazenda, o governo gaúcho está
aberto ao diálogo, “mas deve ser uma discussão séria e sóbria”,
destacou. Tonollier lembrou que a diferença de alíquota aplicada na
compra de produtos interestaduais ocorre por uma “questão
econômica”, visando a proteger a indústria local.
O secretário ressaltou que a regulação das relações
interestaduais do comércio e da indústria serve para equalizar a
condição das empresas, de forma que não faça diferença comprar um
produto em Santa Catarina ou no Rio Grande do Sul. “Este é o passo
inicial da política do ICMS. Depois disso, podemos discutir
fortalecimento e incentivo às MPEs.”
O deputado estadual Frederico Antunes (PP) aproveitou a ocasião
para lembrar que na próxima terça-feira, dia 20, a Assembleia
Legislativa deve votar a sustação do ato do Poder Executivo por meio
do Requerimento 109/2013, que prevê que as micro e pequenas empresas
que têm adesão ao Simples não precisem fazer o recolhimento
antecipado do imposto de fronteira.
Fonte: Jornal do Comércio |